terça-feira, 2 de março de 2010

Na Grécia, isto está assim:


Atenas, 02 mar (Lusa) - O primeiro ministro da Grécia, George Papandreou, pediu hoje aos gregos que aceitem fazer mais sacrifícios, que considerou "essenciais para a sobrevivência nacional", em especial, mais cortes nas despesas para resolver uma crise financeira inédita.

Durante um discurso no Parlamento aos deputados do seu Partido Socialista, Papandreou disse que o tempo estava a esgotar-se para tirar o país da crise.

O governo deve anunciar na quarta feira mais cortes nas despesas, designadamente nos salários da função pública, e mais aumentos de impostos.

Os cortes destinam-se a reduzir o défice, ganhar o apoio da União Europeia e convencer os investidores de que a Grécia é credível, de forma a que continuem a emprestar-lhe dinheiro.

"Gostaríamos de ter tido mais tempo para que os resultados das nossas grandes reformas estruturais fossem visíveis... mas esse tempo não existe", afirmou Papandreou, que acrescentou: "Os nossos credores, dos quais nós infelizmente dependemos, não no-lo dão".

O discurso realizou-se um dia depois de o comissário europeu dos assuntos económicos e monetários, Olli Rehn, ter dito que Atenas devia fazer cortes nas despesas "mais dolorosos e permanentes" se queria sair da crise, que afetou a moeda única dos 16 membros da Zona Euro.

Papandreou insistiu que "precisamos de tomar decisões hoje, não amanhã. E sim, precisamos de tomar mais medidas".

Sublinhou que o seu país enfrentará "consequências catastróficas" se não conseguir créditos em termos mais favoráveis.

A crise provocou o aumento do custo dos empréstimos para a Grécia, à medida que os operadores financeiros internacionais manifestavam preocupação com a possibilidade de os gregos poderem reembolsar as suas dívidas.

Papandreou acentuou que se a Grécia "não conseguir empréstimos em termos similares aos dos outros países da União Europeia, os resultados serão qualquer coisa pior que catastróficos", lamentando estar "a recorrer aos mercados internacionais que simplesmente não acreditam em nós".

A Grécia viu a sua credibilidade afundar-se depois de o governo de Papandreou, saído das eleições de Outubro, ter revisto acentuamente o valor do défice de uma estimativa de 4,0 por cento para 12,7 por cento do produto interno bruto (PIB).

Os gregos têm de lutar "para salvar a Grécia, os seus cidadãos e os seus filhos do que poderia ser um cenário de bancarrota".

Se bem que não tenha revelado as medidas que serão tomadas, indicou que incluiriam cortes salariais para a função pública, designadamente no 14.º mês, correspondente ao chamado subsídio de férias.

Os sindicatos, que já promoveram uma série de greves, afirmaram que a abolição do 14.º mês corresponderia a uma "declaração de guerra".

A estrutura sindical da função pública, ADEDY, já anunciou outra greve de 24 horas para 16 de março, acrescentando que poderia combinar mais ações com a estrutura sindical do setor privado.

Os motoristas de táxi encontram-se em greve, enquanto os trabalhadores da administração fiscal têm uma paralisação agendada para os dias 8 e 9 de março.

Entre as medidas já anunciadas pelo governo estão o congelamento salarial e cortes de bónus na função pública, o aumento da idade de reforma e o aumento dos impostos sobre o consumo.

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