sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Manuela Silva - Crescimento e pobreza

descobri este texto da Manuela Silva, que talvez interesse para PSCS

Crescimento económico
e pobreza em Portugal (1950-74)**

é da Análise Social de 1982, e está aqui

abre com esta citação do Seers, sobre desenvolvimento e crescimento:

Desenvolvimento é inevitavelmente um termo normativo e devemos interrogar-nos sobre as condições necessárias para um objectivo
universalmente aceite — a realização da personalidade humana.
As questões sociais que podem colocar-se acerca do desenvolvimento de um país são portanto: o que tem acontecido relativamente à pobreza? O que tem acontecido relativamente ao desemprego? O que tem acontecido relativamente à desigualdade? Se estes três fenómenos têm diminuído com o aumento dos rendimentos, então tem sido
um período de desenvolvimento para o país em questão. Se um ou dois destes fenómenos se têm degradado, e especialmente se se têm degradado os três, será absurdo chamar ao resultado «desenvolvimento », mesmo se o rendimento per capita duplicar
.
(D. Seers, 1969)

Começa assim:

Ao contrário do que vem sucedendo em outras latitudes, designadamente na América Latina, onde existe hoje uma literatura relativamente abundante e de qualidade acerca da avaliação das experiências de desenvolvimento realizadas nos países dessa área geográfica em função do binómio crescimento/repartição, entre nós, as análises feitas não têm, até agora, privilegiado e menos ainda aprofundado um tal enfoque.
O silêncio que tem pesado sobre esta questão deve-se a múltiplas razões: o contexto político de repressão social que prevaleceu até 1974, a ausência de estatísticas adequadas, a própria orientação teórica (e ideológica) dos economistas de profissão.
Quanto a esta última, importa precisar que a axiomática neoclássica de que dependeu a formação de várias gerações de economistas supõe que o crescimento económico é função do investimento e este função da poupança e ainda que o nível de poupança está relacionado com a concentração do rendimento. Num tal quadro teórico, a desigualdade é considerada uma situação inevitável nas fases iniciais do crescimento,
admitindo-se que irá sendo gradualmente corrigida à medida que se dá o progresso económico
, ...

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