domingo, 28 de fevereiro de 2010

Raimundo Quintal: "Alertei para o que podia acontecer e chamaram-me inimigo da Madeira"

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Como foi possível construir em leito de cheia e em locais de risco de derrocadas sem violar as directivas europeias?
Muitas das obras de canalização das ribeiras foram feitas em pleno Terceiro Quadro Comunitário de Apoio (com o apoio do Feder - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e ao abrigo dos programas de defesa do Ambiente. Algumas dessas obras foram bem feitas, foram importantes para defender localidades, tanto no Funchal como fora do Funchal.

Mas outras não. As obras foram autorizadas e financiadas e passaram no Tribunal de Contas e tudo foi feito de forma legal. Mas possivelmente o conceito de leito de cheia varia consoante os técnicos que dão os pareceres. E sabe bem que os estudos de impacto ambiental são encomendados pelos promotores das obras, é assim em todo o país...

O desastre da Madeira foi um fenómeno extremo relacionado com o aquecimento global?
Estamos integrados numa grande região mediterrânica que é caracterizada por estados do tempo que têm picos de secura intercalados com picos de precipitação no Outono e Inverno. O que aconteceu agora aconteceu em 1803 com muito maior violência. Isto é um fenómeno que ao longo da história da Madeira tem ocorrido.

Os estudos que eu conheço para esta área, incluindo os liderados pelo professor Filipe Duarte Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (o Projecto CLIMAAT), apontam para que neste século os períodos de secura sejam mais intensos e que estas chuvas violentas venham a acontecer em intervalos mais curtos.

O que aconteceu na Madeira está intimamente ligado às alterações climáticas? Não gosto de especular. O que é verdade é que temos vindo a notar estes problemas e, por um lado, há a Natureza com extrema violência mas, por outro, há a arrogância de alguns pigmeus que sempre afirmaram que dominavam a Natureza.

o resto está aqui, no Expresso.

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