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sábado, 6 de março de 2010

PORTUGAL NUM COPO


Portugal tem, na sua Historia, o vinho. Possuidor da região vitivinícola mais antiga do mundo, a região do Douro, o nosso País demonstra um grande potencial de crescimento relativamente ao enoturismo. Apostando no sucesso deste produto turístico e, dando ênfase aos projectos previstos para a sua dinamização, será apresentado um novo conceito que promete unificar a estratégia do país, criando consenso e regra, com vista a aumentar o número de enoturistas.


Turismo

O turismo é dos sectores que mais cria emprego e que gera rendimento ao Estado demonstrando grande importância na economia global. No caso português o sector gerou em 2008 receitas na ordem dos 7440 milhões de euros e representou 8,1% do total do emprego na economia.

De acordo com o PENT, Portugal deverá ser um dos destinos de maior crescimento na Europa, através do desenvolvimento baseado na qualificação e competitividade da oferta, transformando o sector num dos motores de crescimento da economia nacional. Tal é conseguido através da definição estratégica de 4 factores de diferenciação:

O objectivo primordial definido no PENT, o crescimento sustentado acima da média europeia, com especial incidência ao nível das receitas, deverá ser conseguido da seguinte forma: i) Crescimento anual do número de turistas internacionais acima dos 5% e das receitas acima dos 9%; ii) Crescimento anual do Turismo nacional na ordem dos 2,5%, potenciando o desenvolvimento sustentado das regiões e pólos e combatendo a sazonalidade; iii) Aumento da contribuição do sector na economia, constituindo-se como um dos principais motores do crescimento da economia portuguesa. Os impactos esperados desta linha de acção são:

Enoturismo
O Enoturismo é um sector muito recente, mas atrai cada vez mais consumidores interessados neste produto, pois está associado a momentos de relaxamento e lazer, acompanhando as tendências de crescimento dos produtos “gourmet”. Portugal deve aproveitar a sua tradição vitivinícola para estruturar uma oferta turística capaz de atrair diversos segmentos da procura, criando ofertas com um forte conteúdo de experiências, formando guias e peritos em vinho tornando as visitas e as degustações mais atractivas e organizando actividades em que o turista participe no processo de produção.

Portugal tem uma herança patrimonial rica e diversificada, ligada à vinha e ao vinho. Actualmente em Portugal destacam-se vinhos de excelente qualidade: Vinho do Porto e do Douro, Vinho da Madeira, Vinho do Pico, Moscatel de Setúbal, Vinho Verde, Vinho do Dão, Vinhos do Alentejo. As rotas dos vinhos estão pouco estruturadas, existem poucas adegas, caves e restaurantes com infra-estruturas e serviços adequados à actividades turística. Os défices existem ao nível de horários de funcionamento, qualificação do pessoal, espaço para visitas e provas de vinhos.

As empresas que operam no sector são geralmente de pequena dimensão, factor que diminui a capacidade competitiva de Portugal pois não permite uma melhoria dos processos de produção, da tecnologia, da informação de mercado, da oferta de produtos estruturados com elevado conteúdo de experiência, da qualificação dos recursos humanos.

O turismo de Portugal identificou alguns gaps de competitividade que afectam o desenvolvimento do enoturismo: Ausência de sinalização específica das rotas dos vinhos; Ausência de informação e mapas explicativos sobre as rotas; Insuficiente qualidade das instalações; Inexistência de restaurantes de qualidade em muitas rotas; Inexistência de transporte organizado para aceder às adegas; Insuficientes alojamentos turísticos de charme e qualidade das rotas; Insuficientes postos de turismo nas rotas; Modelo de gestão das rotas dos vinhos ineficiente; Falta de preparação turística dos produtores de vinho.

No próximo sábado dia 13 de Março, haverá uma apresentação sobre este tema, no ISCTE onde será anunciado o novo conceito estratégico de dinamização do enoturismo.

By: Ana Soares, Joana Cardoso e Maria Cândida Sousa

sexta-feira, 5 de março de 2010

Meia dúzia brinca e o resto vê passar navios...

A partir da Segunda Guerra Mundial, muitas tarifas aduaneiras foram abolidas e surgiram muitos acordos multilaterais e alianças regionais para a facilitação do comércio. No entanto, outro tipo de entraves à livre circulação de bens e serviços emergiram, tais como as barreiras não tarifárias (BNT`s) onde se incluem quotas de importação, medidas antidumping, barreiras técnicas (embalamento, rotulagem, tamanho do produto) entre outras.
A consolidação da liberalização comercial começou a ser traçada com o estabelecimento do Gatt – Acordo Geral de Tarifas e Comércio em 1947, que mais tarde deu lugar à OMC – Organização Mundial do Comércio em 1994. Com a organização destas instituições, os procedimentos relativos à liberalização comercial foram definidos e estandardizados e finalmente o comércio internacional passou a ser supervisionado por uma organização supranacional, tal como é a OMC.
Porém, mesmo com o Órgão de Resolução de Litígios da OMC destinado à mediação e criação de soluções para conflitos gerados pela aplicação de acordos multilaterais, o comércio entre os 153 países membros não é justo e o aumento das BNT’s como mecanismos invisíveis de protecção não diminuem, até pelo contrário. As grandes potências justificam a sua existência por questões de “segurança, razões sanitárias ou fitossanitárias”, ausência de certificados de qualidade, incumprimento de parâmetros relacionados com higiene alimentar, entre muitas outras.

Segundo Soete, na obra “The Globalizing Learning Economy”, a globalização tem permitido uma maior diferenciação de produtos o que abre oportunidade para a imposição de mais barreiras não tarifárias. A maior parte delas provém dos Estados Unidos e da União Europeia, enquanto os países subdesenvolvidos (especialmente os africanos) não levantam questões, muito menos restrições, o que faz com que a prevalência dos grandes face aos pequenos persista. Curiosamente, sendo os EUA uma economia onde o peso do comércio externo é relativamente pequeno face ao seu PIB, é possível constatar que são o país que mais intervém no Órgão de Resolução de Litígios da OMC. Se os norte-americanos têm ou não um papel activo na amenização destas adversidades não sabemos, o que é certo é que através da análise de dados da actividade deste sistema, é possível constatar que o grande peso dos litígios está concentrado no grande lago do atlântico norte, nomeadamente através de disputas entre a UE e os EUA.


E quais são as razões intrínsecas para a existência destas formas subtis de proteccionismo face ao comércio externo? A OCDE, no seu estudo “Looking Beyond Tariffs: The Role of Non-Tariff Barriers in World Trade”, aponta o desemprego como uma das principais causas que ameaça a subsistência das indústrias nacionais, pelo aumento das importações a preços mais competitivos. Outra justificação aparente são as flutuações da taxa de câmbio, que provocam uma variação no nível de exportações.

Mas o que é certo é que, justamente pelo facto de os países aplicarem medidas ou exigências sobre as quais muitas vezes não existem fundamentos nítidos para a sua existência, são criadas as chamadas BNT`s ao comércio apresentando-se como uma forma de neoproteccionismo.
Sejam quais forem as razões, é um dado adquirido que livre comércio e justiça na liberalização das trocas comerciais são realidades dúbias.